domingo, 29 de novembro de 2009

O vôo do Falcão


O que diferencia os falcões das demais aves de rapina é o fato de terem evoluído no sentido de uma especialização no vôo em velocidade.O de João Falcão já dura 90 anos e especializou-se em economia, justiça, comunicação e política. O ex-banqueiro, deputado-federal, integrante do Partido Comunista do Brasil, ccomemora o feito e, em entrevista exclusiva à Tribuna da Bahia, revelou a este repórter ser “ um homem feliz” e antenado com o futuro da Bahia e do Brasil.
Ele está às vésperas de lançar o livro “ Valeu a pena”, o oitavo escrito à mão.
A política baiana e brasileira é vista hoje com otimismo da parte do ex-deputado João Falcão, que ao final do mandato em 1958 optou por se dedicar ao jornalismo: “O Brasil evoluiu. A verdade crua e nua é que a elite brasileira, que governou o Brasil durante 100 anos, deixou o país com milhões de analfabetos, com uma população miserável, sem emprego, como potência de terceira categoria. Nos últimos anos, com o governo do presidente Lula, apesar de muitas restrições que eu faço, no geral o Brasil cresceu, aproveitou bem a conjuntura mundial, e hoje com a atuação extraordinária e indiscutível do presidente Lula, um estadista, o Brasil figura entre as principais nações do mundo. A Bahia também evoluiu depois do carlismo, que eu considero uma tragédia na vida do estado, e vai reencontrando o seu caminho através de governos mais populares. Eu sou otimista em relação ao Brasil e a Bahia”.

Sem diploma de jornalista, João Falcão tornou-se um dos mais atuantes escribas da Bahia, sobre o que comenta: “ Mas o jornalismo esteve na minha vida desde quase que a minha infância, porque no ginásio da Bahia, em 1935, 36, eu e alguns colegas fundamos o grêmio Pedro Calmon, que tinha um jornalzinho e eu eu era o encarregado. Foi a primeira experiência, entre 15 e16 anos. O jornalismo está na alma e na minha vida. O jornalista deve estar preparado para esta função tão importante e nobre, porém, eu acho que devia haver liberdade e não a obrigação da exigência de um diploma, porque o jornalismo é uma vocação e muitos diplomados não têm vocação. De modo que eu acho isso, que o essencial é que o jornalismo é uma vocação e não deve ser obrigatório o diploma”, declarou.
O livro “ Valeu a pena- Desafio da minha vida” é a história dos 90 anos de João Falcão. Na abertura da publicação o autor dirige-se ao leitor dizendo que “ aqui está um relato simples de uma vida dígna, resumido numa frase que tomo emprestado de Fernando Pessoa- poeta português -: Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Ao final da narrativa conclui: “ Vivi intensamente. Das causas que abracei, com muito amor e paixão no decorrer dos meus noventa anos, nenhuma foi maior do que a da vitória dos aliados contro o eixo nazi-facista. O que estava em jogo era a liberdade dos povos”.
João Falcão pretende que o plano do vôo existencial rompa a faixa dos 100 anos, com a mesma lucidez e serenidade. “ Apesar da vida difícil que eu levei, sempre consegui superar os dramas e ter uma mente tranquila”, declarou.

2 comentários:

  1. Recebi o comentário do amigo e jornalista Edvaldo Esquivel que aqui publico. Leia isto:


    Primeiramente, quero parabenizar o amigo e jornalista Nelson Rocha, pela
    excelente reportagem Voo do Falcão, publicada na Tribuna da Bahia. Como defensor intransigente do jornalismo de ideias - e não da empáfia -, a leitura inspirou-me. Foi gratificande, por exemplo, ler tantas lições de vida do entrevistado. Destaco: "A elite brasileira, que governou o país durante 100 anos, deixou o país com milhões de analfabetos, com uma população miserável, sem emprego, como potência de terceira categoria". Na minha opinião, é a verdade absoluta. Constrangedora, sim. Cruel, até. Porém, válida para todos que repudiam os descaminhos desta nação que outrora estivera potencialmente fadada ao sucesso institucional e social. Hoje sabemos, envergonhados, que ela foi descaradamente atraiçoada por um golpe de estado de exatos 120 anos.
    Outra coisa: observei, malgré o otimismo do ilustre entrevistado, em relação ao Brasil atual - definitivamente um direito dele -, que uma indisfarçável decepção permeia a matéria tão ricamente trabalhada e redigida pelo jornalista Nelson Rocha. Ele fala de vitórias verdadeiras
    que presenciou em sua longa existência, inclusive a derrota do Nazi-Fascismo, mas evita lamentar uma derrota triste para os baianos democratas que foi a derrocada do Jornal da Bahia. Particularmente, sobre a maneira cruel de um jornal de resistência ao arbítrio e propagador de ideias cair nos braços da estupidez e da inutilidade informativa. Pior,
    e depois morrer de inanição publicitária, por falta da edificante prática do bom Jornalismo nas suas edições diárias. Uma pena!

    Por fim, torço para que Deus salve o "plano de vôo existencial" do eminente jornalista "de romper a faixa dos 100 anos, com a mesma lucidez e serenidade". Parabéns, então, aos jornalistas João Falcão e Nelson Rocha. Foi um trabalho brilhante. Poucos, nesta vida parca da Província, merecem esse direito à longevidade, quase divino!

    Edvaldo F. Esquivel/Jornalista
    Salvador, 29/11/2009

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  2. ele é otimo seu blog nelson um abraço silvio ricarti

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