sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

" Há um certo desencanto com a política"

" Há um certo desencanto popular com a política, o que é um perigo para a democracia. A sociedade só pode aprimorar a vida pública através do voto e sem derrotismo. O grande mal do Brasil é a pobreza do eleitorado, a dependência do voto ao patronato político mal intencionado e oportunista, a falência da representatividade congressual. O caso do governador Arruda é muito grave porque ele é reincidente, foi obrigado a renunciar ao mandato federal porque, de parceria com o então presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, fraudou o painel eletrônico daquela Casa, para chantagearem políticos adversários. Foi um episódio gravíssimo e Arruda não poderia ter voltado à vida parlamentar. A imprensa não tem ressaltado esse lamentável detalhe da trajetória de Arruda. O mal da legislação eleitoral brasileira é que ela é condescendente com a impunidade, favorecendo a reincidência criminosa. O outro problema é que ela não foi elaborada para preservar a identidade ideológica dos partidos políticos, fato que estimula o oportunismo e a fragmentação, com todo tipo de arranjo lesivo aos interesses da sociedade. A mudança que se impõe a esse estado de coisas não surge precisamente porque convém ao segmento político a indefinição que favorece os acomodamentos".
A declaração é de um dos mais gabaritados jornalista brasileiros, João Carlos Teixeira Gomes, ex-diretor do extinto Jornal da Bahia, em entrevista exclusiva à Tribuna da Bahia, concedida através deste repórter, publicada na edição de hoje.
Ele fala da sua experiência jornalística e efetua uma análise da situação nacional, inclusive do "escândalo Arruda", considerando que o governo Lula soube enfrentar a crise econômica com a saudável medida de reduzir impostos da indústria e comércio, fato que, segundo JCTG, não teve a repercussão pública que merecia, pelo seu relevo. Acha, contudo, que a persistência dos problemas sociais cria um quadro grave e incerto para o futuro.
Joca Teixeira Gomes, como é popularmente conhecido, falou também sobre os itens que considera necessários à prática do bom jornalismo e analisou ainda suas relações atuais com a presidência do Esporte Clube Bahia, que o interpelou judicialmente, destacando que a medida era desnecessária, pois não atacou a honra pessoal de ninguém e sequer citou nomes em suas colocações. Acentuou, contudo, que jamais abrirá mão do seu direito de crítica e da sua liberdade de opinar, por considerar que o Bahia continuou em 2009 vivendo um dos seus piores momentos, para desalento da sua grande e fiel torcida. Confira.

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