sábado, 28 de maio de 2011

Falta de ética e corrupção compromete a moralidade pública, diz filósofo

“Eu acredito que o povo brasileiro tem uma riqueza humana muito grande. É um povo com possibilidades de solidariedade, de atenção à pessoa, de sensibilidade. Para o brasileiro o outro é algo para quem eu posso dedicar tempo. Agora, sempre se encontram dinâmicas econômicas e políticas corruptas, que realmente comprometem muito o nível da moralidade pública, sobretudo, dentro deste contexto”. A declaração é do professor Giorgio Borghi, doutor em Filosofia pela Universidade de Bologna (Itália), que coordenou o III Simpósio de Filosofia, promovido pela Faculdade São Bento da Bahia sob o tema “A Virada Linguística da Filosofia Contemporânea” e realizado, ao longo dos últimos dois dias, no Centro Cultural da Câmara de Vereadores de Salvador e na própria instituição.

“Uma falta de ética, muitas vezes é falta de pensamento. Uma pessoa, por exemplo, que rouba o dinheiro da merenda escolar é um deficiente mental, antes de ser um corrupto. É uma pessoa com incapacidade de pensar. Portanto, esta incapacidade de pensar está na base de muitas dificuldades no nosso mundo de hoje. Se a gente parasse realmente um pouco para pensar o sentido do que está fazendo, o sentido do que é conviver, trabalhar, aí todo o nosso viver em conjunto, a nossa política seria, com certeza, muito mais humana. O ser humano tem a capacidade de pensar e precisa desenvolver isso”, disse com exclusividade para este repórter, o filósofo italiano radicado há duas décadas no Brasil.

Conforme Giorgio Borghi, a falta de cuidados com a Educação básica contribui para limitar o pensamento. “Quanto mais as pessoas têm conhecimento e desenvolvem esta capacidade de pensar sobre as coisas, tanto melhor será o nosso mundo”, ressaltou, recordando que o ensino nas escolas da Filosofia foi eliminado durante a ditadura militar “ por que era visto como uma disciplina perigosa. Ajudar as pessoas a pensarem significa ajudar as pessoas a serem mais autônomas, críticas, mais capazes de atitudes mais independentes”.

O coordenador do Simpósio de Filosofia demonstrou satisfação pelo fato da disciplina ter retornado às salas de aulas recentemente. “Esta volta da Filosofia ao Ensino Médio é também um incentivo para os cursos, porque faltam profissionais preparados para ensinar Filosofia”, observou. “Muitas vezes o ensino é entregue a um professor que está precisando de algumas horas para completar a carga horária”, admitiu. “Nós estamos comprometidos também a preparar bons professores, que possam realmente ajudar também os jovens, a gostarem a descobrir o sentido verdadeiro que pode ter a Filosofia pra vida”, concluiu. O III Simpósio de Filosofia reuniu filósofos convidados, professores e estudantes, em palestras, debates e mini-cursos.

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