quinta-feira, 18 de outubro de 2012


O meu amigo escriba Edvaldo Esquivel, jornalista baiano dos mais críticos sobre a gestão político-partidária de Salvador ao longo dos últimos anos, com a gentileza de sempre, nos envia, em nível de colaboração, para publicação, um texto que aqui na íntegra, expõe as contradições políticas administrativas da primeira capital do Brasil. Com foco no segundo turno da eleição. Leia e, se desejar, manifeste-se a respeito do ponto de vista do meu ex-colega de Redação. Se você, caro seguidor, quiser também enviar algum texto para publicação neste blog fique à vontade. Aqui a Tribuna, ou melhor, o blog, é livre.   

Eleições 2012: à procura do metrô perdido!

Desta vez o leitor soteropolitano não perdoou. E empurrou para o segundo turno a decisão sobre quem vai governar Salvador nos próximos quatro anos. Se o PT ou o DEM. Se Nelson Pelegrino ou ACM Neto. A depuração dos votos tem motivos políticos, sim. Administrativos também, por receio de outro fiasco na prefeitura, após os oito anos da gestão João Henrique. Outro motivo, relevante: a demora do governo Jaques Wagner em deslanchar as obras do projeto da Linha 2 do metrô, ligando a Av. Paralela a Lauro de Freitas.

Os prazos foram atropelados, o eleitor também achou que faltou atitude mais enérgica do governo petista, pois o processo de licitação arrastou-se por meses a fio. Para piorar as coisas, a conclusão da Linha1, que pode estender os trilhos de Pirajá até Cajazeiras é uma incógnita. Um atraso fatal, que o eleitor, por certo, não perdoou. E custou à candidatura do petista milhares de votos. Senão, vejamos: no primeiro turno das eleições municipais em Salvador, ACM Neto obteve 518.976 (40,17%) contra 513.350 (39,73%) de Pelegrino, diferença, portanto, inferior a seis mil votos. Como ocorreu em todo o país, fica evidente que o eleitor de Salvador nem quis saber de mensalão...,  mas ruminou suas frustrações, incluindo aí além do fiasco do metrô, as greves da PM e dos professores, a insegurança, a quase inexistência de obras para melhorar a infra-estrutura urbana – e turística -- da capital baiana para a Copa 2014 ( não vale contar a reconstrução da Fonte Nova).

Hora de arregaçar mangas

Agora é aguardar para ver se a cobrança eleitoral vai prevalecer no segundo turno. Salvador tem sede de progresso! Uma coisa é certa: quem ganhar a eleição vai ter que se virar nos 30. As promessas dos candidatos foram muitas, entre outras tantas mirabolantes. Porém, quem assumir em janeiro de 2013 vai encarar uma prefeitura cambaleante, com as contas dependuradas no TCE, um metrô calça-curta que envergonha a administração pública baiana, e um gestor que em oito anos não conseguiu botá-lo para andar nos trilhos. E pior: sem que o governo do estado nada fizesse para contornar o vexame, que então tinha mais pinta de trunfo eleitoreiro.

 Que o futuro prefeito desta cidade amada assuma o compromisso de que administrar a primeira capital do Brasil é um desafio que deve ser enfrentado com dedicação, vontade política e disposição para arregaçar as mangas e trabalhar sem tréguas. Ser articulado e ir atrás das verbas, cobrar dos governos estadual e federal a implementação imediata dos projetos de Mobilidade Urbana para a Copa do Mundo 2014. Afinal de contas, o eleitor mostrou nas urnas que não abre mão deste legado do maior evento esportivo mundial para os baianos.

Salvador, hoje, teima em exibir uma paisagem contraditória: de um lado, edifícios modernos, de outro, o deplorável visual de favelas, com amontoados de casas irregulares e sem reboco, que desabam sob qualquer aguaceiro. Os passeios da cidade estão esburacados, enfeiam ruas e avenidas centrais (exceção para a Av. Manoel Dias da Silva) e ameaçam os pedestres. A decadência galopante do Pelourinho e do Centro-Histórico (Av. Sete, Piedade, Rua Chile, Rua D´Ajuda) entristece baianos e turistas. E por aí afora...  

De olho nos votos nulos...

Afinal, quem vai dar um jeito na Cidade da Bahia? Se o descaso continuar, não há turismo que agüente. E não adianta mais se eleger prefeito de quatro em quatro anos. Pra quê? E olhem que a quantidade de votos nulos e em branco nesta eleição de 2012 já dá para preocupar... Em todo o Brasil foram 35 milhões de votos inválidos, juntando as abstenções (16,41%) e os votos nulos e brancos, que o TSE, sutilmente, pouco divulga.
O eleitor não é bobo. Começa a perceber que tem coisa errada aí. E tudo começa com a decepção que os eleitos provocam no eleitorado quando assumem o cargo e não governam direito a cidade. Ou seja: o agravante é a falta de compromisso do candidato com o eleitor depois que ele vence o pleito, um vício de exatos 123 anos do sistema presidencialista-republicano brasileiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário